A Tradumática é hoje uma disciplina presente no currículo de Tradução, tanto de universidades como de cursos livres, tamanha a sua importância. Surgiu de forma organizada nos anos 1990 a partir do trabalho de pesquisadores e da confluência de áreas como informática, documentação e terminologia – todas concebidas como recursos imprescindíveis para traduzir.
“[...] Mais do que hardware e software, a Tradumática inclui tudo que se refere à informação multilíngue que o tradutor recupera, gera, processa e transfere, bem como aos sistemas de produção, gestão e armazenamento dessa informação, além de toda iniciativa vinculada a esse complexo”, explicam Mónica Fernández, Joan Parra y Pilar Sánchez-Gijón, pesquisadores da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB) e referentes na área.
De acordo com Jorge Davidson, tradutor e professor da pós-graduação em Tradução da Estácio, o objetivo da Tradumática é proporcionar aos estudantes de tradução e tradutores todos os conhecimentos e habilidades necessários para aproveitar ao máximo e de maneira mais eficiente os recursos, tanto os específicos da tradução como os de caráter genérico.
Do sistema da imagem acima podemos destacar os programas que intervêm no processo de tradução de forma direta. Entre eles, a machine translation, softwares para legendagem e CAT Tools.
CAT Tools
As CAT Tools, que são o acrônimo de Computer Assisted Translation Tools, isto é, ferramentas de tradução assistida por computador, surgem na década de 1980 com o boom do conteúdo de informática, sobretudo a produção e tradução de softwares. O acrônimo é usado junto com outros termos, como ambiente de tradução.
Consistência, produtividade e qualidade
O que fazem as CAT Tools? Auxiliam o trabalho do tradutor melhorando especificamente o que é denominado de consistência ou uniformidade. Ou seja, quando se traduz há a certeza de que, se tem uma repetição de frases e termos importantes, sempre serão traduzidos da mesma maneira.
Um tradutor ou um grupo de profissionais, independentemente do número, pode garantir para uma agência de tradução, por exemplo, que a uniformidade se manterá durante todo o projeto. Vale lembrar que grandes projetos movimentam milhares de palavras, que faz requerer uma sincronia maior dos tradutores. As CAT Tools ajudam aumentar muito a produtividade dos profissionais. Paralelamente, as ferramentas permitem um ganho considerável de qualidade.
Uma pesquisa realizada pela SDL entre 2003 e 2005 observou que o mercado de tradução havia reutilizado aproximadamente 50% do que havia se traduzido nos 10 anos anteriores, ou seja, do que se traduz diariamente uma boa parte já foi traduzida anteriormente. Um exemplo clássico da tradução repetitiva é o manual de determinado produto que terá uma nova versão e precisa ser retraduzido. Este tipo de texto instrutivo costuma ter poucas alterações. Portanto, a reutilização da maioria do conteúdo é algo concreto.
Hoje, estima-se que mais de 90% dos tradutores usam CAT Tools, uma exigência das agências de tradução. “Caso contrário, o tradutor está fora de uma fatia importante do mercado”, destaca o professor Jorge Davidson.
Como funcionam na prática as CAT Tools?
Apesar de serem concebidas como ferramentas cada vez mais completas e complexas, é importante saber que todas as CAT Tools compartilham uma lógica comum. O que costuma mudar é somente a interface do programa, isto é, aquilo que o usuário vê na tela do computador. Ao compreender a lógica, é possível utilizar mais de uma CAT Tool. Entre as mais conhecidas estão Wordfast, SDL Trados Studio e MemoQ.
Imagine que você tem um projeto cuja primeira frase é “Welcome to our country”. Você sabe que esta informação é importante e se repetirá ao longo do trabalho por alguma razão. Ao digitá-la uma única vez no ambiente de edição da CAT Tool, ela ficará na memória de tradução (MT) e disponível para usá-la diversas vezes sem ter que digitá-la de novo. Portanto, as unidades de tradução geram informação para a MT, que acumula todo o conteúdo, seja de trabalhos anteriores realizados por você (se estiver usando uma memória própria), seja da tradução feita por outros profissionais (se usar uma memória criada pela agência de tradução). É importante sinalizar que a MT vai salvar frases com a língua de origem e seu equivalente na língua de destino.
Já o Glossário servirá para salvar termos, geralmente palavras-chave para o cliente ou aquelas que são difíceis de encontrar e o tradutor quer salvar para não ter que procurá-las novamente no futuro. O processo de alimentação do glossário é o mesmo da MT, isto é, bilíngue.
Quer saber mais sobre ferramentas para o tradutor? Assista à aula demo de Tradumática!
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